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Tempos tubulares



 

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“Tempos tubulares”

Pacífico Maria Figoldes

 


Foi hoje desmantelada a comunidade de investigadores que se dedicou, nos últimos anos e exclusivamente, à exploração dos túneis atribuídos aos Templários, descobertos pelo arqueólogo Eliezer Stern e a sua equipa, em Israel. Logo desde o início se compreendeu que, para além de meros túneis, grandes galerias indicavam áreas de rituais de grande grupo.

De acordo com a declaração oficial dos financiadores, o projeto de investigação concluiu os seus trabalhos porque foram alcançados os objetivos principais: identificar a autoria dos túneis descobertos e inventariar todo o seu interior. Sabemos, de fonte segura, que o que ditou o seu fim foram as linhas de pensamento que os especialistas adotaram, divergentes de um certo status quo intelectual, que propunham explicações pouco consensuais com aquilo a que poderíamos chamar o lado oficialmente racional da humanidade.

Em vez de mastigar as informações que recolhi e vo-las apresentar em texto coerente, como faço habitualmente, transcrevo, com algumas adaptações, um longo e esclarecedor diálogo online que mantive com o meu grande amigo de longa data Dr Carlos Akadof que, além de ser um dos mentores da conceituada InvestAVA (Investigadores de Astro-Virologia Antropológica), é um dos maiores entendidos no que se refere aos bastidores do conhecimento.

 

Pacífico Maria Figoldes (PF) - Começo a concordar contigo. Isso parece estar a fazer algum sentido.

Carlos Akadof (CA) - A sério? Finalmente estás a entrar nos eixos.

PF - Vê lá o que dizes. Eu ainda não me converti, estou apenas a seguir a lógica do teu raciocínio.

CA – Repara, só em 1825 é que um dinamarquês conseguiu isolar o alumínio, nunca na altura dos Templários se conseguiria produzir o que por lá se encontrou.

PF – Pois, como cúmulo da disparidade cronológica, uma das conclusões da equipa de investigadores foi a data, cito o documento: “Aplicadas as técnicas de datação, sem dúvida afirmamos que os túneis descobertos e explorados, até ao momento, foram construídos durante a segunda metade do séc. XIII”.

CA – Viste como eles foram cautelosos na expressão “explorados, até ao momento”? No relatório, que também tenho aqui, referem 12 km de túneis devidamente mapeados. Agora gostava que reparasses nas fotos que acompanham os mapas. Em 7 das 9 apresentadas, aparece a letra K e, curiosamente, são as únicas letras que nunca têm legenda. Aliás, só depois de um olhar atento é que reparei nelas. Consegues encontrá-las?


 

PF – Não tinha reparado nelas, não, mas vejo-as, sim, letras discretas, camufladas na paisagem rugosa dos tijolos. Consegui já encontrar todas as 7. O que te parece que seja?

CA – Kain. Diz-te alguma coisa?

PF – Imediatamente não, mas andei a investigar. Excluí todos os documentos referentes aos últimos 6 séculos e encontrei, para além da história bíblica dos irmãos Caim e Abel, uma outra referência muito mais antiga a um vampiro, monarca nosgótico, de nome Kain.

CA – Confirmaste os sentidos simbólicos dos nomes da história bíblica, principalmente, Caim?

PF – Mais ou menos, sei que era caçador e que Caim em hebraico quer dizer “lança”. Encontrei textos aramaicos onde a lança representa sempre qualquer tipo de passagem que seja difícil, que implique dor e esforço.

CA – Muito bem, então vamos relacionar Caim com a lança e com a ideia de passagem. Porém, a letra que aparece nas fotos é o K. Se fosse uma marca deixada no local pelos Templários, podíamos pensar que pudesse ser alguma confusão, típica da época, entre o C e o K. Porém, nitidamente, percebemos que é uma marca acrescentada à própria fotografia e que, para os investigadores contemporâneos, a distinção entre C e K é transparente.

PF – Mas por que razão aparecerá esta letra indistinta, enquanto as outras estão bem visíveis?

CA – Lembra-te de que a investigação foi interrompida por se estar a tornar inconveniente.

PF – Estaria o K relacionado com algumas dessas conclusões indesejadas? Se assim for, não sendo o C de Caim, será o K de Kain, o vampiro mitológico?

CA – Para já, não diria vampiro mitológico, porque há fortes indícios da sua existência. Depois, temos a relação que estabeleceste, e muito bem, entre Caim, a lança e a ideia de passagem. Lembremo-nos da possibilidade em aberto deixada pelo relatório oficial, a expressão “explorados até ao momento”.

PF - Apenas quer dizer que há coisas que não se sabem...

 


CA – Ou que não se pode assumir que se sabem. Imagina que, apesar de não poderem oficializar as suas conclusões, os investigadores, à revelia, quiseram deixar marcas na própria investigação, como pistas para quem conseguir ler nas entrelinhas. Refiro-me ao K, de Kain, à ideia de passagem e chamo-te a atenção para um outro detalhe técnico. Já reparaste, certamente, que há um capítulo no relatório dedicado à possibilidade turística do achado. Entre outros dados, é analisada a densidade geológica dos túneis e é uma constante a sua irregularidade, daí as conclusões não serem favoráveis a este tipo de exploração comercial.

PF – Por outro lado, podemos ler no final desse mesmo capítulo que, ainda que de acordo com os padrões de segurança atuais os túneis não ofereçam garantias, não foi encontrada qualquer fissura ou mínimo sinal de desmoronamento, garantindo uma solidez de 9 séculos.

CA – Essa é outra questão curiosa, os nossos padrões de segurança são demasiado intimidadores, como os prazos de validade dos iogurtes. Mas adiante, essa constante irregularidade detetada, distrai para o facto de haver zonas com picos de densidade muitíssimo inferiores às restantes e de essas zonas serem justamente aquelas onde aparecem os Ks.

PF – Estive a analisar os dados e, para além da questão da densidade, a própria composição da parede, nestes locais, tem elementos diferentes das restantes, mais recentes. Como se tivessem sido construídas pelos Templários com outra intenção. Encaminhas-te neste sentido?

CA – Inquestionavelmente, como se eles, ao construírem os túneis, tivessem descoberto algum tipo de passagem, para a qual terão erguido um obstáculo, um limite de fronteiras, como uma porta fechada, devidamente identificada e monitorizada, mas para abrir só em altura oportuna.

PF – Então de acordo com a tua interpretação, estes sinais K representam locais onde os Templários fecharam passagens. Para onde? Alguma ideia?

CA – É aqui que entra Kain. Conheces uma obra chamada “A Grande Biblioteca” (AGB)?

PF – Já há uns tempos falámos sobre ela. Uma coletânea de textos que, durante muito tempo se considerou um mito, mas que, afinal, foi encontrada.

CA – Tens boa memória. Lembrar-te-ás, certamente, do húngaro Erik Weisz, conhecido por Harry Houdini, o ilusionista. Descobriu-se, em 1929, três anos após a sua morte, que este detinha, secretamente, uma das mais completas coleções de livros sobre ocultismo e magia de que há memória. Nela foram encontradas bastantes raridades, obras que se julgava perdidas e algumas cuja existência nunca fora comprovada até então. Entre elas, a AGB.

PF – É dela a referência a Kain?


 

CA – Sim, trata-se de uma compilação de testemunhos sobre a origem e História dos vampiros. Nela conta-se, entre outras, a História de Nosgoth, reino que teve 3 reis, Kain, Ottman e, atualmente, Alcro. De acordo com a informação veiculada em alguns textos da AGB, o mundo vampírico é intraterrestre. Um submundo literal.

PF – Estás a apontar para a possibilidade de essas passagens fechadas pelos Templários serem formas de acesso ao submundo vampírico?

CA – Numa outra coletânea de documentos assinados pelos Templários, conhecida por Arquivos do Templo de Salomão, há um pequeno grupo de textos atribuído a Theobald de Mondariz, um cavaleiro Templário que terá privado com D. Afonso Henriques (com o qual, ao que parece, discordava relativamente a questões de estratégia militar). Cito-o: “Cabe aos Cavaleiros de Cristo tudo fazer para converter todos os que representam o oposto de Sua glória, nos céus, nos mares, debaixo da terra, em todos os lugares.”

PF – Sim, mas também há informação de que os templários não faziam exatamente aquilo que defendiam.

CA – Claro que não. Os Templários eram uma organização formada por seres humanos, logo, havia corrupção, mas isso há em todo o lado. O que nos interessa nos Templários é um grupo de pouco mais de 100 elementos, uma espécie de subgrupo de topo, no comando de toda a Ordem, nunca de forma assumida. Absolutamente obcecados pela “busca incessante do saber e ascese do corpo ao sem corpo” (palavras de Theobald)

PF – Uma pré-história dos Jesuítas?

CA – Certamente uma inspiração. Consta-se que nem eram propriamente crentes em religião alguma. Atribui-lhes um teólogo o aparentemente paradoxal epíteto de “Cristãos agnósticos”, querendo dizer que não acreditavam propriamente no lado divino de Cristo, mas que o seguiam enquanto “guia espiritual e autor de comportamentos”. Essa destacada centena de Templários era composta por cavaleiros convictos, honestos e estudiosos apaixonados de toda a mitologia e sabedoria disponível na época; praticantes de boas ações, misericordiosos.

PF – Estou a ver, implacáveis na luta, mas boas pessoas. Terão sabido dos vampiros através da AGB, ou esta coletânea é mais recente?

CA – Não sei se a forma de contacto foi diretamente pela AGB, ou se tiveram outras fontes.

PF – Outra fontes?

CA - Neste caso de interpretações de dados, temos de fazer muitos cruzamentos. Por isso, proponho-te que voltemos um pouco atrás na nossa conversa. Lembras-te da questão do alumínio, conseguido pela primeira vez no início do séc. XIX? Voltemos à composição da gruta.


 

PF – Para além dos materiais da época, há, em quase todas, alumínio aplicado de uma forma que, segundo alguns comentadores do relatório, impede que tenham sido os Templários a construir os túneis, por completo desfasamento cronológico.

CA – Essa é a forma mais fácil de pensar – ir a direito de forma bifurcada, ou dá ou não dá. Mas e se houver outras possibilidades de análise?

PF – Desenvolve... vem aí coisa.

CA – Já leste detalhadamente os programas de colonização espacial?

PF – Claro que não, nem nunca me lembrei de tal coisa.

CA – Na última missão a Marte foram achadas, cito, “estruturas produzidas por vida inteligente”, semelhantes a outras que já tinham sido encontradas na nossa Lua. Além da semelhança das construções (túneis), que remete para a ideia de ser a mesma fonte, há registos, em ambos os locais, de uma pequena placa com uma sequência de letras NNDNNSNTDG, entendida como um código (ainda não oficialmente decifrado).

PF – Sim, isso sei. Até publiquei, na altura, um artigo sobre o assunto. Transcrevo o parágrafo introdutório: “Cientistas laboratoriais atribuem a mesma assinatura, tanto ao nível da engenharia, como da arquitetura, aos túneis encontrados na Lua e em Marte. Ainda que não seja clara a identificação dos autores, há uma estranha placa com um código de letras que, muitos dizem, poderá ser a chave para a compreensão do fenómeno.” Mas deixaste-me confuso, o que têm os túneis e essa placa codificada a ver com a colonização espacial?

CA – Antes de fazer a relação entre ambas as questões, deixa-me propor-te uma leitura do código da placa. Desde que os investigadores encontraram a tal sequência de letras, pensando numa comunidade de vida alienígena, que se tem tentado dar sentido à coisa através de tudo o que se sabe sobre o espaço.

PF – Exatamente, é uma das questões que refiro no desenvolvimento do artigo. Menciono temas que os decifradores de serviço tinham aplicado (ingloriamente): constelações, estrelas, galáxias, materiais usados nas aventuras espaciais, rotas, tecnologia associada, componentes físicos, químicos e geológicos associados ao mundo extraterrestre.

CA – Ou seja, tudo da Terra para fora, nunca da Terra para dentro. Ninguém explorou a possibilidade de haver uma explicação nossa, terrestre.

PF – Mas tu exploraste. Certo?

CA – Certo.

PF – E... ?


 

CA – É exatamente a mesma sequência de um dos mais importantes motes dos Templários: “Non Nobis, Domine, No Nobis, Sed Nomini Tuo Da Gloriam” (que poderíamos traduzir por “Não para nós, Senhor, mas para a glória de Teu nome”). NNDNNSNTDG.

PF – Fiquei sem palavras. Não há dúvida que é difícil não reparar que, num universo de possibilidades, apareça exatamente a mesma sequência de letras, como que uma abreviatura, do mote dos Templários. Mas em Marte?

CA – Nos planos da colonização espacial, primeiramente aplicado na Lua e depois em Marte, já se partiu do pressuposto de que não é possível a vida à superfície – talvez, numa fase muito, muito posterior à fixação das populações se possa equacionar essa ideia. De momento estamos a aproveitar estruturas naturais de resguardo, os túneis de lava.

PF – Os túneis, que se fixam quando o teto arrefece primeiro e a lava ainda continua a fluir por baixo, arrefecendo posteriormente. Nas fotos, parecem túneis com rios congelados. Têm dimensões consideráveis: em Marte chegam a ter quase 2 km de largura e várias dezenas de comprimento. O mais largo, medido, na Lua, tem 921 m.

CA – Exatamente. É, de facto, uma solução interessante para a colonização. O curioso é que as placas encontradas, na Lua e em Marte, não estavam em nenhuma das galerias naturais subterrâneas desses dois corpos celestes, mas, no caso da Lua, numa passagem encontrada entre um túnel natural e outro, no caso de Marte, num longo túnel, já com ramificações, como continuação de um rio de lava. As placas estavam nas extensões construídas, não naturais.

PF – Bem, isso está-me aqui também a cruzar pensamentos. Diz-me lá, qual a semelhança entre as construções encontradas em Marte, na Lua e as recentemente descobertas em Israel?

CA – Compara os relatórios geológicos, principalmente ao nível do alumínio.

PF – Incrível, têm exatamente os mesmos valores. Espera lá, tu estás-me a encaminhar para a conclusão de que quem construiu os túneis em Israel, também construiu em Marte e na Lua? Achas que não foram os Templários quem construiu os túneis, ou que foram os Templários quem construiu os túneis na Lua e em Marte (e por isso deixaram as placas como marca da sua presença)?


 

CA – Os templários, enquanto Ordem, eram construtores exímios e na altura tinham ao seu dispor milhares de trabalhadores do Médio Oriente. Mas não o fizeram sozinhos. Pensa bem, eles não tinham como usar o alumínio daquela forma, eles não podiam ter desenvolvido aquele conhecimento assim, do nada. Lembras-te de uma neo-raeliana ter escrito um badalado livro onde relatava uma experiência de viagem espacial?

PF – Sim, lembro. Até tenho o livro. Uma cidadã norueguesa, que fundara o movimento religioso neo-raelianismo, por ter sido levada “por um amigável extraterrestre que me contou toda a verdade sobre nós”.

CA – Essa mesmo, a minha amiga Hulda, com quem tenho debatido esta questão e que conclui: “(...) portanto, não eram os Templários que eram muito avançados tecnologicamente para a sua época, eles souberam foi cativar os Elohims, nossos entes celestiais, para partilhar com eles o seu conhecimento. Não duvido, Carlos, que, uma vez que as placas dos templários foram encontradas em Marte e na Lua, os Templários tenham sido convidados a viajar com os Elohims e lá lhes tenha sido permitido construir, ou que essa tenha até sido a sua prestação numa qualquer negociação com os Elohims. Provavelmente outras placas, noutros sistemas de túneis, serão encontradas noutros planetas ainda, por esse universo fora. No mundo transdimensional não há gasto de tempo, tudo acontece como no pensamento, o que quer dizer que se os Templários lhes caíram nas graças podem, perfeitamente, ainda andar por aí. Podem até já ser Elohims. Falam os mitos espaciais de uma segunda geração de Justos Elohims.”

PF – E que comentário te inspira a citação?

CA – Não tenho absolutamente nada para me opor, verdadeiramente, a esta interpretação. Suporto a tese da Hulda e acredito que o objetivo deles era mesmo essa união aos Elohims e o embarque numa, talvez, definitiva viagem espacial.

PF – Sim, temos fortes indícios desse intercâmbio, como o alumínio em todos os túneis encontrados em Israel, na Lua e em Marte, mas também o mesmo tipo de construção, o mesmo sistema do fortalecimento. Acresce a questão das placas com o lema dos Templários encontradas em solo extraterrestre. Não podemos confirmar a questão dos Elohims, parece-me mais uma crença de culto, mas, pelo menos, não temos nada em que possamos afirmar a sua incorreção.


 

CA – Num outro documento dos Arquivos do Templo de Salomão, datado de 1305, dois anos antes da fatídica sexta-feira 13, lá para o meio de uma carta extremamente confusa, lê-se “É momento de dar início à penúltima viagem. Em onze celebrações solares, findam as celebrações solares.” Para já comento que a referida carta parece-me artificialmente confusa, para criar um padrão absurdo, excelente distrator para uma qualquer afirmação discreta que por lá se encontre, como estas duas singelas frases que extraí.

PF – Dois anos antes da chacina? Os próprios Templários sabiam do que ia suceder?

CA – Como te referi, dentro dos Templários havia uma elite composta por não mais do que uma centena daquilo a que poderíamos chamar homens da renascença precoces. Tinham de ser os melhores cavaleiros-guerreiros, mas também tinham de ser os mais conhecedores, os mais sábios, como alguns historiadores lhes chamam, os Supratemplários. Não eram lá muito religiosos, mas deixavam-se apaixonar por tudo o que houvesse para experimentar, sempre esticando os limites do aperfeiçoamento humano na procura da harmonia com o todo, não rejeitando nenhum tipo de fonte sem o crédito da experiência.

PF – Então esses Supratemplários sabiam do fim sangrento dos seus irmãos de Ordem e não fizeram nada para o evitar?

CA – Não sei se não terão sido estes 100 a provocar o fim dos restantes cavaleiros, como um ritual de encerramento, um último sacrifício, talvez para impedir a já então visível degradação da Ordem.

PF – É só uma suspeita, ou tens mais alguma informação?

CA – Voltemos ao cronista Theobald de Mondariz. Ele relata, numa carta endereçada a um Bertrand de Grouth, uma “exploração inadvertida em vários pontos dos túneis” e refere, um pouco abaixo, “Kain, o patrono do legado que nos transporta para o submundo.” (De referir que este teor de informação só era partilhado internamente nos Supratemplários, o que posiciona Bertrand no seio da organização.)

PF – Voltamos ao Kain.

CA – Exatamente, e à AGB. Um documento sobre a história de Nosgoth, reza assim: “Neste reinado de Don Alcro, reinstaurou-se o Legado de Kain, ponte de passagem entre o nosso mundo e o mundo dos humanos. Acede-se por duas formas: por palavras ou por locais”. Ora bem, clarificando-te, o atual reino vampírico nosgótico, situado numa bolsa intraterrestre, começou por ser governado por Kain, depois Ottman e agora o monarca chama-se Alcro. Acompanhas?

PF – Segue...


 

CA – Foi o primeiro monarca, Kain, que inventou esta forma de aceder ao mundo exterior. Serviam-se destas portas de acesso, que podiam e podem de novo acontecer através de um específico ritual mental ou por locais reais de passagem. Que eu tenha encontrado, não tinham, então, nenhum nome específico. Durante o reinado seguinte, Ottman, isolacionista extremo, eliminou todas as possibilidades de contacto entre mundos. Posteriormente, quando o atual monarca, Alcro, tomou posse, progressista oposto do rei anterior, reabriu as passagens intermundos e deu-lhes, em jeito de homenagem, o nome “Legado de Kain”.

PF – Daí o excerto de Theobald, “Kain, o patrono do legado” jogo de palavras para o Legado de Kain. Então eles descobriram, talvez inadvertidamente, entradas para o reino Nosgoth, um reino de vampiros?

CA – Não diria inadvertidamente. Lembras-te de os investigadores de Israel terem assinalado 7 Ks nas fotos? Não foi nenhum outro número senão o 7 (The seven gates of hell). Eles, primeiro, descobriram o conjunto completo de entradas daquele local e quando, nas condições certas, as atravessaram fizeram-no, certamente, de forma concertada e inteligente.

PF – Deixa-me esboçar aqui um pensamento. Ora bem, se os Templários, quando construíram os túneis, já tinham contactado com os extraterrestres, se calhar foram estes a sua fonte para identificar o local das passagens ao submundo.

CA – Tudo leva a crer que sim.

PF – Muito bem. Então quer dizer que eles sabiam ao que iam. Não entraram à toa no submundo...

CA – Entraram em posição de força e conhecimento, o seu apanágio. Antes de se submeterem ao teletransporte para o espaço, ainda "visitaram" o submundo. Fica-nos a dúvida da finalidade e sucesso desse empreendimento. Mas uma coisa sabemos, Bertrand de Grouth, envolvido diretamente no assunto, tendo até recebido, como já referi, de Theobald de Mondariz, o relato da descida às profundezas, em 1305 tornava-se no Papa Clemente V.

PF – Que depois, morre, reza a lenda, devido a uma praga que um dos cavaleiros, Jacques de Molay, lhe lançou antes de morrer na fogueira.

CA – A ele e ao rei, entre outros. Outra encenação tão ao jeito dos Supratemplários.

PF – Encenação, então ele não morreu na fogueira?

CA – Isso não sei, deve ter morrido. Refiro-me à praga. Ao elemento místico presente como justificação para, dali a pouco tempo, o rei e o papa desaparecerem também.

PF – Achas então que o rei e o papa fingiram a sua morte para irem ter com os Templários para a tal viagem espacial?


 

CA – Acho o seguinte: tanto o papa Clemente V, como o rei Filipe IV, que lançou o ataque mortal, ou integravam secretamente, ou eram seguidores convictos dos Supratemplários, pois até estavam ao corrente das operações dos Templários ao submundo de Kain. A função destes era eliminar todos os vestígios humanos da Ordem e redistribuir as riquezas acumuladas antes de desaparecer. Foi bem orquestrado entre eles: primeiro lançaram rumores que foram deixando os cavaleiros menos apreciados pela opinião pública, depois foi dada a ordem de extermínio. No contexto da eliminação dos Templários, num gesto de mestre é lançada uma praga que justifica o desaparecimento do rei e do papa, ambos em 1314, mas como uma diferença de 7 meses, para não dar muito nas vistas. Ainda, para que não ficassem quaisquer possibilidades de recuperação da ideia, dois anos antes de desaparecer, Clemente V dissolve, de vez, a Ordem dos Templários.

PF – Não deixo de pensar como terá sido difícil estabelecer comunicação entre eles, cada um dos Supratemplários, o rei e o papa, de forma a estarem todos em Israel, para a viagem cósmica.

CA – Tudo me leva a crer que todos tiveram acesso a um outro documento que também já te referi, onde se lê “É momento de dar início à penúltima viagem. Em onze celebrações solares, findam as celebrações solares.”.

PF – A penúltima viagem será a viagem até ao ponto de encontro, em Israel, nos túneis. Estou a pensar bem? E o resto?

CA – Exatamente, estás a ir bem. Quanto ao resto, ora bem, o texto é datado de 1305. Se entenderes as “celebrações solares” como a passagem dos anos, “onze celebrações solares” significa 11 anos. O rei e o papa, oficialmente, morreram em 1314. Ainda nesse mesmo ano e durante o ano seguinte fizeram a longa, perigosa e secreta viagem até à terra santa.

PF – Então em 1316, 11 anos depois da data do texto, “em onze celebrações solares”, estariam os Supratemplários reunidos, prontos para a viagem. O fim da segunda frase afigura-se-me enigmático: “Em onze celebrações solares, findam as celebrações solares.” Em 11 anos deixam de fazer anos? Morrem?

CA – Lemos, novamente, as palavras da Hulda, “No mundo transdimensional não há gasto de tempo, tudo acontece como no pensamento”. Dali a 11 anos, deixamos de continuar a fazer anos, deixamos de contar o tempo. O tempo é como o fim-de-semana, só o valoriza quem trabalha. Neste caso, só encontra validade na contagem do tempo quem é finito. Alcançado o infinito, o tempo perde a sua existência, "findam as celebrações solares".

PF – Imortalizaram-se.

CA – “Falam os mitos espaciais de uma segunda geração de Justos Elohims.”

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