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Carlos Akadof


Excelentíssimo senhor reitor da Universidade Novos Paradigmas

 

O meu nome é Carlos Akadof e sou membro associado da InvestAVA, (Investigadores de AstroVirologia Antropológica), em nome da qual venho apresentar esta candidatura.

A nossa associação é composta por 3 especialistas nestas 3 áreas do saber, a Astronomia, a Virologia e a Antropologia (AVA) e, num esforço conjunto de cruzamento de dados e ângulos, investigamos de que forma, ao longo dos tempos, a vida extraterrestre tem interferido biologicamente com o ser humano.

Apesar de os nossos objetos de estudo terem a vastidão do universo, séculos de observação dos fenómenos por esse mundo fora foram forçando os cientistas à conclusão de que o único objetivo da intervenção extraterrestre no nosso planeta tem sido sempre e só o de controlar o número populacional humano.

As nossas pesquisas, porém, permitiram-nos encontrar pequenos focos de intervenção alienígena excecional que contradizem a universalidade dessa conclusão. São, em muitos casos, apenas pequenos surtos, mas tão complexos nos efeitos, que os conceitos necessários à sua interpretação tiveram de ser inventados, para satisfazer a necessidade de catalogar o impensável.

Acreditamos, enquanto missão de retorno ao mundo, que a compreensão dos metabolismos desencadeados nestas fusões do ser humano (atualmente terrestre)  com os vírus (de origem) extraterrestre poderão desencadear formas de lidar com as nossas limitações biológicas a níveis inimaginavelmente desconhecidos.

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Como projeto de arranque, a InvestAVA empreendeu a tarefa pioneira de compilar, num só volume, todos os documentos conhecidos, de todas as épocas e todas as partes do mundo, que pudessem contribuir para a clarificação desta nova linha de pensamento. Dos fundamentos das mais excêntricas mitologias às mais atualizadas explicações dos fenómenos, recolhemos dados suficientemente consistentes para construir os alicerces das novas interpretações que propomos.

Desse trabalho de recolha e tratamento de informação resultou, em 1995, o livro “Evolução Controlada” que, não só despertou um fervoroso interesse por parte do grande público anónimo (que o transformou num inesperado êxito de vendas), como também foi surpreendentemente bem aceite pela conservadora comunidade académica mundial.

 


O prefácio, assinado por Carl Sagan (consultor incansável da obra) em 1995, um ano antes da sua morte, em muito contribuiu para a credibilização de todo o projeto. Com as suas palavras tranquilizou os cientistas quanto às metodologias aplicadas, enquanto contagiou o leitor, no seu estilo inconfundível, à emoção de descobrir que, quando falamos de Universo, cito:

“Não há nem nunca houve aqui e ali.

Há só isto e isto é tudo.”

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Para além dos seis volumes-adenda de “Evolução Controlada” que publicámos desde então, no passado fevereiro lançámos um díptico composto por trabalhos distintos, mas igualmente essenciais no aprofundamento dos princípios e conclusões que são os pilares das nossas investigações.

“Kilomante”, sobre a descoberta, no Brasil, em terras da tribo Kalankó, do envólucro perfeito para penetrar na atmosfera e aterrar. Como um qualquer transportador, traz consigo informação, desta vez, suficiente para interferir com a biologia terrestre.

“Os 32 Templos de Mórula”, sobre o momento da gestação em que uma variante do vírus alienígena exerceu efeitos significativamente transformadores, numa pequena comunidade piscatória de Tuvalu. Pequenas membranas interdigitais marcam a diferença entre esta tribo e tudo o resto à sua volta.

Estes dois trabalhos de investigação (de que voltarei a falar adiante) são o resultado de 15 anos de pesquisa in loco que implicaram viagens pelo mundo, verificação de dados, credibilização de fontes, estabelecimento de paralelos e muito debate objetivo. Com o seu culminar fechámos um ciclo.

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É justamente no âmbito do início de dois novos projetos que solicitamos o apoio da UNP.

Candidatamo-nos, desta forma, ao Fundo CL+1, para “associações de estudiosos que reúnam mais do que dois ramos do saber”.

Como já referi, a InvestAVA cruza investigações feitas por um Astrónomo (eu), um Virólogo e uma Antropóloga, pelo que consideramos satisfazer o requisito.

Os embrionários dois projetos de investigação que apresento em seguida, surgem-nos, naturalmente, como o passo seguinte ao percurso já apresentado.

 


- “Adosinda, o choque”, sobre a chegada panspérmica do bolo inicial, que nos trouxe a vida, que colocou o planeta na órbita atual e que fez projetar um excedente da Terra, criando a Lua.

- “Os Guardiões do Legado”, sobre os PowWow, criaturas que regularmente visitam a Terra e interferem na evolução da vida, dinamizando e supervisionando o Legado de Adosinda, ou seja, toda a vida terrestre.

O investimento do fundo CL+1 permitirá suportar, entre outros, as inúmeras viagens de confirmação que a equipa terá de fazer. A motivação para a concretização destes projetos tem a ver com respostas que, como cientistas, não nos podemos esquivar de tentar alcançar.

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É pedido, no formulário de candidatura, que “no caso de associação constituída, deve ser descrito o seu funcionamento”.

Ao invés de dissecar a estrutura interna da nossa empresa, partilho a forma como uma das nossas aventuras mais recentes foi acontecendo. Talvez se perceba melhor como funcionamos.

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Em 2011 foi publicada uma carta de Konrad Zuse, no âmbito do 70º aniversário da sua invenção, o Z3, peça importante na biografia dos computadores.

Ainda que o tema de todo o certame girasse à volta da tecnologia, na carta o seu autor ocupou grande parte do relato com um assunto que despertou o interesse de Atúlia, a nossa destemida antropóloga: uma tribo, Samer, da qual ninguém até à data tinha ouvido falar. Poderá haver algo mais inquietante para um espírito explorador?

Quando abordámos o assunto em reunião de InvestAVA, começámos por considerar a hipótese de se tratar de um artifício linguístico. Sabemos que Zuse tinha receio das fiscalizações das fronteiras, o que justificaria linguagem codificada.

Para despistar esta e outras possibilidades, como pudemos aceder à carta original, recorremos, primeiro, a um grafólogo e à mãe da nossa associada Atúlia, psiquiatra especializada em delírios e alucinações. Posteriormente, ainda enviámos as nossas conclusões a mais dois especialistas, o historiador e biógrafo oficial de Konrad Zuse e um geógrafo, grande conhecedor daquela parte do mundo.

 


Da recolha de todas estas análises concluímos que os detalhes lógicos da carta eram, não só demasiado realistas para poderem ser considerados uma alucinação, mas que garantiam bases suficientemente credíveis para despoletar o aprofundar do tema. Assim nos decidimos a investigar.

Logo nas pesquisas iniciais, o facto de, tirando 3 expedições pouco documentadas, não encontrarmos informação absolutamente nenhuma sobre os Samer em nenhum tipo de suporte, digital ou não, despertou-nos a atenção.

Há tanta coisa publicada sobre locais mitológicos, que nunca ninguém viu, como a Atlântida, que o vazio às pesquisas Samer nos intrigou. Porquê o silêncio? Houve 3 tentativas de reconhecimento inglórias e depois? Ninguém nunca mais se interessou por isto?

Depois de superados inúmeros e inesperados obstáculos iniciais, através de amigos nossos sediados no Congo lá conseguimos organizar uma mini-expedição de duas noites com um guia que nos levou até um certo ponto e, tal como na carta de Zuse, também nos abandonou à nossa sorte.

Começámos por andar uns quilómetros esgotantes de calor sem sombra, o que já estava mais ou menos previsto, não só na carta de Zuse, como nos relatos das expedições anteriores.

Na ideia de Atúlia, o insucesso das tentativas de encontrar os Samer deveu-se às inapropriadas estratégias de aproximação. Segundo ela, se uma determinada tribo tem receio de ser vista e se tem conseguido, ao longo de todos os tempos, permanecer invisível ao ponto de se duvidar sequer da sua existência, então a abordagem tem de ser radicalmente diferente.

Antes mesmo de nos debruçarmos sobre a temática do silêncio, ainda estudámos algumas formas naturais de passar despercebido, sem dúvida um elemento importante na cultura Samer. Vimos alguns casos, desde o polvo e o camaleão, que conseguem flutuar cromaticamente, até aos que são camuflados com extrema eficácia até à invisibilidade, como o bicho-pau e alguns répteis.

 


Se o objetivo for estabelecer comunicação, como é que se comunica com alguém que não comunica e insiste em permanecer fisicamente ausente do processo?

Talvez o silêncio não seja uma ausência, mas uma complexidade de significados. Talvez o silêncio seja comunicável com silêncio e, se o som é consequência da vibração, a imobilidade pode ser o pontapé de partida para uma aproximação sem ruídos de todo o tipo.

Conhecedora dos ancestrais processos da comunicação universal, anteriores à invenção da palavra diferenciadora e fiéis às abordagens primordiais, posteriormente consagradas, através da meditação, no hinduísmo, no confucionismo e no budismo, Atúlia preparou-nos para o não-movimento e assim fomos.

Mal chegámos ao local onde, supostamente, avistaríamos a tribo, sentámo-nos numa clareira e permanecemos nela o mais quietos possível. Passadas umas dez horas (desesperantes) de quase imobilidade, um estranho movimento numa árvore, depois outro e outro, foram revelando a sua presença. Algumas horas depois dos primeiros sinais, já toda a tribo se posicionara nos troncos mais perto de nós, para nos observar… revelando-se.

Foram dois dias agradavelmente out-of-the-box. Durante o período em que lá estivemos, por ser curto e por estarmos em missão científica, ainda confirmámos alguns aspetos da carta de Zuse, como a presença dos bugios e a constatação de que viver permanentemente em cima das árvores implica uma dinâmica quotidiana muito diferente da nossa. Sobre este último aspeto espantou-nos a aparente facilidade com que toda a vida arborícola se desenrola na sociedade Samer.

Apesar da quantidade enorme de viagens que já fizemos aos locais mais excêntricos e do conhecimento que temos da forma como o ser humano, aí, vai encontrando soluções para as adversidades, ainda nos conseguimos surpreender com o que vamos descobrindo por este mundo global de singulares.

Não me demoro sobre a nossa estadia e da díspar e inesperadamente grande quantidade de informação, inicialmente antropológica, que recolhemos do universo Samer e que, assim que estiver devidamente organizada, divulgaremos nos canais especializados. Destaco apenas três “detalhes” culturais que nos interessam sobremaneira.

 


O primeiro elemento com que nos deparámos, significativo para a nossa investigação, foi um conjunto de pinturas camufladas em árvores específicas. A árvore é o cenário privilegiado de toda a cultura Samer, já que se trata de uma civilização arborícola, por isso, tudo passa por elas.

Assim, em certas clareiras, árvores robustamente enroladas em densa folhagem escondiam desenhos monocromáticos de um certo tipo de curandeiro esguio e com orelhas pontiagudas. Em diferentes árvores, ele surge representado em diversas atividades e, numa pintura onde alguns elementos da tribo aparecem ao seu lado, dá para perceber que é extremamente alto. Chamam-lhe “PowWow” e apontam sempre o céu como a sua origem, a sua casa.

A segunda é a “História de Tudo” (assim nos foi apresentada) e, de acordo com a tradição samérica, chegou-lhes pelos PowWow, sublinhando a panspermia como um facto. Trata-se de uma história do universo transformada em 23 canções, cada uma cantada por uma família diferente, que funciona como sua protetora. Tal como em muitas outras comunidades que não usam a escrita, a memória é um património de honra, pelo que mantê-la é ganhar estatuto. Compreende-se, portanto, que o chefe da tribo seja o que mais vezes cantou, tendo participado em quase todas as canções. Já o recurso à canção é uma excelente estratégia para combater o esquecimento.

Apesar do valor incalculável de toda a teoria geral apresentada, há duas canções que nos despertaram um interesse especial e se revelaram coadjuvantes ao nosso estudo.

Na 7ª canção cantam sobre Adosinda, sobre “o movimento que consigo arrasta o conjunto de tudo e que voou pelo universo sem destino, à procura de um lugar para descansar e reformar-se. Tendo encontrado um navegante, acertou com ele o passo e descansou nele. O mundo explodiu de si próprio.”

Entendemos que o “navegante” é o planeta Terra e que ter acertado “com ele o passo”, significará o definitivo alinhamento da órbita terrestre. Ou seja, quando o corpo que trouxe a vida, chamado Adosinda, chegou ao nosso planeta, o impacto foi tal, que a Terra alterou o seu errar cósmico para se alinhar num equilíbrio gravitacional com o Sol, que ainda hoje se mantém sem significativa variação.

 


Interpretamos o último segmento, “O mundo explodiu de si próprio”, como o aparecimento da vida na Terra, a sua multiplicação e a sua diversificação.

Acumulando estes momentos, conseguimos estabelecer balizas cronológicas que situam os acontecimentos desta canção num período que vai dos 5 aos 3 biliões de anos atrás.

Na 8ª canção, que posicionamos entre 60 a 70 milhões de anos atrás, entra em cena Cremilde, “o tempo do sentido das coisas, criando equilíbrios dolorosos”.

Aqui introduzimos o segundo elemento mitológico da trilogia da “História de Tudo”. Logo nas primeiras páginas de “Evolução Controlada”, explicamos o trio concetual que define o início do universo, comum às mais ancestrais conceções do mundo: Ariovaldo, o espaço; Cremilde, o tempo; Adosinda, o movimento.

A letra desta canção faz a distinção entre duas épocas de procedimento distinto, separadas por uma parte intermédia cantada pelo chefe tribal. Parte-se, nestes trechos, do princípio claro de que existe uma observação da gestão contínua de Adosinda. Ou seja, a vida na Terra é acompanhada, continuamente, desde o seu início. É justamente desse acompanhamento que estabelecemos dois patamares distintos de intervenção.

Antes de mais, Cremilde, sendo o tempo, é, segundo esta cronologia de eventos, o ingrediente que dá sentido às coisas. Aqui, o tempo faz parte dessa noção de supervisão, sendo protagonista da primeira época.

“Cremilde encosta ao navegante, corrigindo-lhe o percurso evolutivo, enquanto permite que do escuro saiam novas linhagens biológicas.” É inevitável associar esta passagem à tese do meteorito que chocou com o nosso planeta, alterando a vida do Cretáceo por completo. Como efeito, teve, inicialmente, o culminar da extinção das raças dominantes, os dinossauros, permitindo, como consequência, a ascensão vertiginosa dos mamíferos do fundo ao topo da cadeia alimentar.

Eu próprio comentei com um representante familiar dos Samer sobre o efeito desta intervenção do tempo na evolução das espécies, se seria uma intencionalidade de Cremilde o posterior domínio dos mamíferos, uma vez que a forma verbal “corrigindo-lhe” implica uma noção de certo e errado, logo, um posicionamento. Segundo ele, a presença do verbo “corrigir” terá apenas a ver com qualidade, o que torna inevitável pensar que, se o ser humano se deteriorar, o planeta poderá ser alvo de nova e drástica intervenção. E quem define esse estado deteriorado? Disse-me que seriam as circunstâncias a definir e sempre em grupos localizados, nunca a toda a espécie.

 


Tive de partilhar com ele algumas noções da História Universal para ele perceber do que é que eu estava a falar e independentemente de ele ter ou não compreendido esta coisa de o asteroide ter provocado o fim dos dinossauros, havia algo de cuja certeza ele não abdicava: Adosinda e Cremilde não têm preferência por uma espécie em vez de outra. Para ele, toda a evolução se baseia no desnorte de não haver nenhum tipo de predeterminação, mas apenas no aproveitar de coincidências circunstanciais.

Transpondo esta teoria para o nosso conhecimento, os mamíferos apenas aproveitaram o contexto de terem ficado sem predadores, para se desenvolverem. Ou seja, nesta perspetiva, a evolução é uma sequência de coincidências que algumas espécies têm aproveitado, outras não.

A segunda parte da 8ª canção refere “esguios amigos PowWow” que “sublimam o legado de Adosinda” em passo de “cadências ritmadas a ritmos espaçados”. Nesta última parte das cadências compreendemos que os PowWow nos visitam regularmente, mas de forma não insistente. À partida poderia haver alguma contrariedade entre o legado de exploração das coincidências e a atitude de alterar algumas variantes.

Ficámos com a sensação de que há aqui uma luta entre a imprevisibilidade caótica inicial e um certo determinismo teleológico de manutenção. Como se a necessidade de reconhecer a imprevisibilidade da vida andasse de mãos dadas com a necessidade de a controlar.

Porém, apesar de podermos intelectualmente apontar nesse sentido, foi-nos sempre assegurado (não havendo nenhum indício forte que o contrarie) que os PowWow introduzem pequenas alterações à vida, mas sem qualquer objetivo a longo ou sequer médio prazo. É rejeitada, assim, qualquer possibilidade de um objetivo final da evolução, para o qual fôssemos sendo encaminhados como um todo. Ou seja, ainda que as suas interferências possam perdurar no tempo, os PowWow apenas ajudam a aperfeiçoar a satisfação de um imediato localizado, como se só as necessidades ocasionais dos contextos lhes interessassem.

E a que interferências me refiro?

Para além das membranas interdigitais em Tuvalu, olhemos para a forma como, na carta referida, Klaus Zuse nos dá conta das características dos Samer, que nós confirmámos presencialmente:

“Têm pés zigodátilos (ou seja, têm dois dedos para a frente e dois para trás – tal como os tucanos e os pica-paus) e braços e pernas muito longos e possantes com músculos muito desenvolvidos. Isto permite-lhes equilibrar-se, pendurar-se e trepar com facilidade.”

 


Tendo conseguido estabelecer um paralelo com Tuvalu, também aqui as mulheres são levadas, nos primeiros dias de gestação, a introduzir as mãos dentro do envólucro espacial de que falaremos a seguir. É nossa convicção que este ritual influencia biomorficamente os Samer, já que é na fase da construção do futuro ser que as progenitoras sofrem estas “perturbações”. Esta fase, denominada Mórula, é um momento do desenvolvimento pós-gestação, decisivo para a determinação das caraterísticas que a vida por nascer terá.

Este tema é apresentado e desenvolvido em “Os 32 Templos de Mórula”, do qual deixo aqui uma citação.

“Chamam Tempo de Mórula ao paraíso, cantam ao ideal de não ser especialista, o momento antes de se tornarem algo, o momento em que o sonho é a realidade e em que todas as realidades são possíveis. Dão 32 longos suspiros coletivos e em uníssono, representando o máximo de células que se conseguem replicar até terem, forçosamente de se definir (não sei como sabem isso já que o ritual tem milénios e a descoberta científica que o fundamenta é muitíssimo mais recente).”

Queremos também aprofundar, em “Os Guardiões do Legado”, esta capacidade de interferência alienígena, no sentido de perceber se as potencialidades transformadoras do vírus que o meteorito transporta poderão, de alguma forma, ter contribuído para a génese dos hidrossapiens. Sabemos que houve trabalho científico-tecnológico na origem dos guelrianos, mas desconfiamos que um certo e misterioso conselheiro do ex-engenheiro de Costeau possa, afinal, ser um extraterrestre.

É assim que chegamos ao terceiro dado que recolhemos, talvez o mais precioso, que está diretamente relacionado com o meteorito cuja composição já detetáramos noutros locais.

Temos a primeira ocorrência deste metal extraterrestre perto da aldeia da tribo brasileira Kalankó, vastamente documentada na obra “Kilomante”. Trata-se, resumidamente, de um mineral a que, após contactos com o Instituto Internacional de Geo-Química, decidimos catalogar como Kilante, por corresponder à estrutura mineral do diamante, mas com um densidade mil vezes superior. A sua estrutura interna é tal que o Kilante se torna no material ideal para resistir ao atrito da penetração atmosférica, conservando intacto o que quer que transporte no seu interior.

 


Todo o capítulo III de “Kilomante” é dedicado ao recheio do meteorito, algo a que nós chamamos vírus, por também se tratar de material genético acelular, protegido por uma espécie de capsídeos proteicos não patogénicos. Ainda não temos dados suficientes, mas fortes suspeitas de que a fórmula da sua composição implica que o seu parasitismo intracelular só aconteça na presença do tipo específico de hialoplasma produzido pela vida na Terra. A confirmar-se, poucas dúvidas restam de que o meteorito tenha sido “construído”, tendo-nos como a sua única finalidade.

De acordo com os Samer, esta rocha misteriosa foi enviada pelos PowWow e, resumindo, veio do espaço e trouxe um vírus.

Sobre esta mesma temática obscura e tribalista encontrámos nós outro documento. De referir que o interesse pela carta do nosso engenheiro eletrónico e explorador fez com que um de nós fosse à UNP (a gestora pública dos documentos) bisbilhotar o vasto e rico espólio epistolar de Konrad Zuse, tendo descoberto uma referência a um outro episódio das suas viagens que, mesmo sem a referência direta, pensamos situar-se algures nos Montes Urais, na Rússia.

Zuse escreve “Encontrei-me lá com um descendente do poeta basquir Mukhamedsha que me convidou a assistir, ao som de uma gaita peculiar, à representação de uma antiquíssima e breve peça.

Descendentes de turcos, este grupo étnico habitante do frio, conta, através destas pequenas dramatizações, rituais da sua história, sendo que um me chamou, imediatamente, à atenção. Referido como Serviço de Chão, consiste em acompanhar alguém que esteja à beira da morte e já não tenha nada a perder, a um centro milagroso. Numa clareira ornamentada, o moribundo deita o rosto no chão, encostado a uma rocha específica, em cujo interior deve inserir as mãos. Nem todos beneficiam do efeito da rocha mágica, mas há relatos de recuperação de vitalidades inesperadas e prolongamento de vida por mais 5 décadas.”

Será caso para dizer que há aqui pano para mangas…


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(nos separadores, trabalhos de Jorge Condeço)

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