(quarta-feira,
inverno)
Caros
cidadãos,
Continuo,
apesar da intensa campanha em que nos encontramos envolvidos, empenhado neste
canal de conversação convosco, mas que muitas vezes até me ultrapassa, variando
o tema em interessantes debates laterais. Afirmo-o para tranquilizar os que,
ultimamente, me têm perguntado se a minha potencial eleição implicará o fim
deste espaço.
Estas
“Cartas de um candidato”, que mantenho a um ritmo semanal, mudarão de nome para
“Cartas de um presidente”, caso seja eleito, ou novamente para “Cartas de um
cidadão”, crónica de comentário, cuja longevidade comemorará, no próximo ano,
vinte anos de observações sobre os mundos próximo e inalcançável, tendo como
ponto de partida os acontecimentos do dia e do passado que com eles se
relacionarem.
E passemos à
relevância de uma reportagem publicada ontem no Financial Times e que dá pelo
nome “Portugal: Pop-Elections, Sold-Out”, que poderíamos traduzir por
“Portugal: Eleições-Pop, Lotação Esgotada”, sublinhando a quase redução a zero
da abstenção em algumas mesas eleitorais portuguesas.
Desde 2000
que o sistema eleitoral (inicialmente só para as presidenciais em jeito de
teste, depois generalizado) sofreu uma forte (r)evolução em Portugal. Foi um
pioneirismo corajoso nosso, alterar os moldes de um sistema aplicado mais ou
menos da mesma forma por todo o mundo democrático.
Agora já
temos seguidores: li ontem, como já referi, no Financial Times que as “eleições
à portuguesa” se estão a tornar num caso sério de contágio. Dizem alguns
comentadores de reconhecida relevância internacional que a Revolução dos
Cravos, apesar de inspiradora, não teve efeitos representativos
além-fronteiras, houve poucas réplicas. Já a fórmula de sucesso desta nova
forma de promover e organizar atos eleitorais, comentada, inicialmente, como um
“disparate de nações pequenas”, foi adotada ipsis verbis por 9 países (5
europeus), adaptada noutros 12 e está, neste momento, a ser discutida em quase
todos as democracias.
Inerente aos
tempos modernos (mais modernos que os modernos de Chaplin), a utilização de
mecanismos eletrónicos, associada a uma certa forma pop de criar
acontecimentos, veio revolucionar o modo como olhamos para uma campanha
eleitoral. Há críticos, cheios de razão, que apontam imperfeições ao processo,
mas o mundo ainda não acabou nem acaba hoje, ainda podemos alterar muita coisa
e é algo em que me parece estarmos consensualmente empenhados. Nisto pensam os
que vão transformando, pouco a pouco, o fundo legislativo que permite traduzir
estas intenções.
O
protagonismo passou todo para uma entidade a que chamamos o Conselho Eleitoral
(CE), acabaram as campanhas eleitorais autónomas e foi essa a motivação da
mudança.
Alguns
(demasiados) relatórios de comissões idóneas vincaram a ideia de que as
candidaturas não tinham as mesmas oportunidades de sucesso. Diferentes verbas,
lobbies locais e demasiadas discrepâncias técnicas travavam, à partida, o justo
distribuir das intenções de voto. Muitos partidos conseguiam mais facilmente
transmitir uma ideia do que outros, valorizando, enquanto efeito no eleitor, a
vitalidade da difusão das suas propostas relativamente à qualidade da sua
própria mensagem. Os reais direitos de antena nunca foram equilibrados.
O CE foi a
arma adotada para eliminar esses vícios do sistema.
Não me
querendo aprofundar no que é o CE, parece-me pertinente referir alguns
detalhes, como o calendário geral estabelecido para estas eleições
presidenciais, em decalque para os restantes (autárquicas, europeias e
legislativas).
Tive, como
candidato, de apresentar o meu projeto no período que foi de 12 a 6 meses antes
do dia da votação, marcado com um mínimo de 1 ano de antecedência.
Num prazo de
10 dias depois da data do fecho das candidaturas, elas foram apreciadas pelo CE
do ato eleitoral anterior e foram apresentados ao público os nomes dos que
respeitaram todos os requisitos legais e, portanto, são oficialmente
candidatos.
Um dos
elementos obrigatórios da equipa de uma candidatura é a indicação do nome do
seu representante para o CE do ato eleitoral a que se destina. No meu caso,
escolhi Carlos Amândio Porto Oliveira, experiente em atividades eleitorais, que
eu conheço há muitos anos e em quem confio.
Dentre todas
as candidaturas foram selecionados, à sorte pelo CE do ato anterior, os 10
nomes que formam este novo CE. Como temos dezoito candidaturas em campanha,
oito representantes ficaram de fora, o que aconteceu com o nosso representante.
Assim é o jogo democrático.
O poder que
é atribuído a um CE tem duas áreas de intervenção: a definição dos locs e uma
competência fiscalizadora, no sentido de assegurar o cumprimento de todas as
obrigatoriedades legisladas.
O trabalho
do CE tem vários momentos.
Primeiro
selecionaram locs.
Locs é uma
designação técnica criada logo aquando da edição do primeiro manifesto do
movimento Democracia Plena, que despoletaria tudo isto.
Locs são
dois tipos de agendamentos, ambos com duas vertentes: mono e pluripartidária.
Em primeiro
lugar, selecionaram locais para outdoors com a garantia da sua completa
operacionalização, bem como definiram datas e locais para comícios e desfiles.
Depois,
estabeleceram parcerias com os meios de comunicação social locais e nacionais,
onde estão a ser realizados e difundidos anúncios, debates e entrevistas.
Refiro a este propósito que estou selecionado para um debate no próximo sábado
com a representante da Frente Ultramonárquica, a candidata Ana Lorty. Há várias
tipologias de debates: a dois, a três, a quatro e a cinco.
O CE do ato
eleitoral anterior optou por não incluir nenhuma possibilidade com mais do que
cinco intervenientes. Não sei porquê, mas dada a quantidade de intervenções que
cada candidato tem, não me parece que haja reclamações ao método.
De acordo
com a legislação, o agendamento dos Locs abrange todo o período que corresponde
aos quatro meses anteriores ao dia da votação.
Uma vez
definidos locais de outdoors, locais e datas de comícios, desfiles, anúncios,
debates e entrevistas, chega o momento de os atribuir a cada candidatura.
A lista dos
locs, como previsto, foi apresentada 15 dias depois do novo CE tomar posse. É
um trabalho liderado por uma equipa que não se conhecia, sorteada para o
efeito, porém, não o fez sem apoio.
Graças à
iniciativa do movimento Democracia Plena, foi criada a ELEX (Eleições
Executivas), uma instituição de funcionários permanentes que, com a sua já
experiência de atos eleitorais anteriores, contribui decisivamente para o
andamento dos trabalhos. Digamos que o novo CE supervisiona e garante, com a
sua pluralidade (já que se trata de um elemento de cada candidatura), a
democraticidade e legitimidade de todo o processo.
Tendo dado
todos os passos de acordo com o calendário definido, no dia exato em que fez um
mês da aprovação das candidaturas, realizou-se o sorteio dos nomes pelos locs.
Isto deu aos candidatos ainda um mês de preparação para os decisivos quatro
meses de campanha.
O sorteio
dos candidatos pelos locs foi feito num momento público, difundido em direto e
gratuitamente por toda a comunicação social que o desejou.
Fez-se disso
uma noite televisiva com grande pompa e os candidatos apresentaram-se, pela
primeira vez e oficialmente, ao público. Oficialmente, porque na internet tudo
começou logo assim que se soube o nome dos candidatos. Por opção consensual, o
CE não intervém nas campanhas online, estabelecendo, ainda assim, alguns
limites.
Nessa noite
houve discursos e música, foi uma festa que, em certos momentos me pareceu um
bocado exagerada, mas o que é certo é que tudo isto tem contribuído
inegavelmente com sucesso para esta missão de aumentar a participação
democrática.
Tendo por
base os dados recolhidos, a ação da ELEX, supervisionada pelos diferentes CEs,
tem como meta única a redução da abstenção geral, a partir de dados nacionais.
Como
estratégia prioritária, intervém diretamente nos distritos onde em eleições
anteriores tenha havido uma maior abstenção. Mas não se ficam pela generalidade
do distrito, promovendo ações nas próprias freguesias que apresentaram dados mais
preocupantes.
Não só
intensificam, nesses locais, opções pluripartidárias e dinâmicas, como comícios
e desfiles, como desenvolvem uma outra atividade que me parece absolutamente
louvável e que, para mim, é um dos grandes orgulhos de todo este o processo.
Então, nos
locais com um maior tendência abstencionista, a ELEX faz permanentemente,
exceto em período de campanha, intervenções personalizadas, daquelas em que se
fala mesmo com as pessoas, sobre a possibilidade que o sistema dá de
intervenção plural, através da criação de propostas elegíveis
Explicam os
passos e instalam escritórios presenciais, onde apoiam a criação de partidos e
a formulação de candidaturas aos mais diversos atos eleitorais. A adesão tem
sido muito maior do que o previsto. Em todos as novas eleições há novas ideias
em cima da mesa.
(Acabou a
época das maiorias absolutas.)
Os
resultados, no final, são sempre comparados com os da eleição anterior da mesma
abrangência, quer ao nível dos locais onde intervieram, quer a nível global.
Como já
referi, a abstenção tem diminuído desde que se levou esta luta a sério. É que
nunca bastaram as intervenções partidárias para alterar o cenário, um grupo
multipartidário acaba sempre por dar mais credibilidade, pois não se pedem
votos personalizados, apenas a participação.
Felizmente
não caímos na tentação do voto obrigatório, apenas conseguimos motivar melhor.
Continua, portanto, a ser um convite.
Feita a
festa, o CE passa para outra fase, a da logística, a de garantir que tudo o que
está programado e planeado se concretiza de facto. Paralelamente a esta função
vão realizando as tais campanhas no sentido de apelar, convidar, promover o voto.
“Votar é
existir / Votar é resistir” tem sido o slogan desta campanha presidencial. Nos
últimos quinze dias até vai haver um comício/festival de sensibilização ao
voto.
Nesse
evento, as 18 candidaturas apresentam momentos artísticos que não podem exceder
60 minutos, a anteceder um quarto de hora para discursar. É tradição que, no
final de cada performance, os artistas envolvidos apresentem as suas próprias
razões para aderir ao voto, sem nunca referir qualquer preferência.
É,
finalmente, também da responsabilidade do CE, a dinamização da plataforma
online onde cada candidato, a seu ritmo, vai introduzindo as suas promessas
eleitorais.
Foi
inaugurada logo no dia a seguir à divulgação dos locs e vai até exatamente um
mês antes das eleições. Por conter, por escrito, todas as ideias que norteiam
as candidaturas (na forma de Compromissos) a plataforma é sempre referida nas
campanhas e debates, pelo que desconhecê-la é não saber metade do que se fala
nos momentos eleitorais.
Agrada-me a
facilidade com que se consulta e a facilidade com que se edita, pelo que
parece-me uma das melhores de todas as inovações deste sistema. Uma das que, no
meu ver, não é para alterar.
Podemos
assistir, em tempo real, aos compromissos que todos os candidatos vão
assumindo, às suas argumentações e até aos milhares de comentários que vão
despoletando.
Como
candidato a presidente entendo que a clareza de objetivos, nesta plataforma
assumida tecnicamente como compromissos, que esta opção permite, ajuda-nos a
entender quais os envolvidos que conseguem distinguir o que são objetivos
globais e intemporais de necessidades locais, mais do âmbito de uma ação
governativa.
Assumir um
compromisso com uma atividade profissional, por exemplo, seria reduzir valores
e princípios humanistas.
Espera-se de
um presidente a garantia de que podemos continuar a ser singulares.
Já um
governo terá de resolver obstáculos que nos impeçam de viver em plural.
Na
plataforma, Presidenciais.2011, apareço como candidato 14, ordenação por ordem
de entrada das candidaturas aprovadas.
Apesar de só
aparecerem o número de candidatos, logo na página de abertura da
Presidenciais.2011, quando passamos em cima do número, o nome fica
imediatamente disponível. Não gosto muito do design da abertura, parece-me uma
página de lotaria - uma questão que poderá, certamente, também ser
problematizada.
É justamente
no âmbito da Presidenciais.2011 que hoje partilho aqui convosco, nesta crónica,
mais um dos meus compromissos, o Compromisso 46, acabadinho de publicar.
Agradeço,
como sempre, quaisquer pedidos de esclarecimentos e contraditórios.
Bem hajam.
Link:
1.1 Área
Temática
Netoil
(Endless Jackpot)
1.2 Contexto
Caríssimos
cidadãos
Pela
quadragésima sexta vez me comprometo convosco em mais um ponto fundamental.
Por ironia
do destino, o mês do nosso próximo ato eleitoral é, simultaneamente, o mês que
deu início ao polémico Endless Jackpot. É pois a oportunidade a considerar para
nos debruçarmos sobre este inesperado flagelo mundial.
Lembro
alguns factos que, pelo disparatado facilmente verificável, não consigo
apresentar com a objetividade da deontologia jornalística que o tema, eu sei,
merece:
- Fame8Game
é um nome que começou com dois amigos que inventavam jogos-programas para
televisão. O sucesso acompanhou o crescimento e diversificação da empresa que,
em poucos anos, se tornou numa das maiores indústrias do entretenimento a
variadíssimos níveis.
Em 1978,
numa das suas muitas apostas, no seu próprio canal televisivo, estrearam um
jogo chamado Netoil.
Bastava escolher
5 números de 1 a 50 e telefonar para lá, escrever uma carta, um telegrama ou
mesmo ir pessoalmente a um dos seus muitos escritórios espalhados pelo mundo,
enfim, aceitavam todo o tipo de contactos, desde que, de alguma forma, fosse
acompanhado da quantia determinada pela Fame8Game para cada país.
No nosso
caso, começou por 5 escudos.
“Uma metade
para todos nós e a outra metade só para si.”
Era este o
slogan onde eles se referiam à estratégia de ficar com 50% da nossa aposta para
pagar aos funcionários da empresa, enquanto o restante poderia ser, pelo
sorteio, inteiramente atribuído a uma só pessoa.
Havia uma
regra nesse jogo que dizia mais ou menos isto: se após três semanas ninguém
acertar na chave do primeiro prémio, o jackpot acumulado será atribuído ao
apostador com a pontuação mais elevada, seja ela qual for.
Assim
aconteceu até ao início de 1999.
Nada mais do
que isso, apenas um jogo como tantos outros.
- Pouco
antes de 2000, a Fame8Game, num comunicado muito publicitado, anunciou a
invenção de uma medida recreativa e competitiva, Endless Jackpot, a introduzir
no já mundialmente famoso Netoil, justificada na necessidade de dinamização económica.
Uma série de novas empresas concorrentes e a longevidade inalterada do concurso
justificavam o gesto.
Ora, a
medida Endless Jackpot, que quer dizer Jackpot Infindável, não produziu nenhum
outro efeito na dinâmica do jogo, a não ser o de acabar com a já referida regra
de manter até um máximo de três semanas seguidas de jackpot.
De acordo
com os dados a que as entidades competentes acederam, apenas 5,3% de todos os
sorteios semanais chegaram a jackpot. Acrescenta-se que a diversidade de
apostas dos centenas de milhares de apostadores pelo mundo fora foi considerada
um indicador da grande possibilidade de que, em curtos espaços de tempo,
houvesse uma coincidência entre os números sorteados e uma qualquer aposta,
como sempre houve.
A medida foi
então aprovada e, na sua legalidade, criou uma moda.
- De forma
absolutamente imprevisível e inexplicável já se passaram 21 anos e nunca
ninguém até agora acertou na chave vencedora. O local, o momento e o
equipamento do sorteio já foram fiscalizados e pessoalmente testemunhados pelas
mais altas e diversas instâncias. Nunca ninguém detetou erros ou o que quer que
fosse suspeito.
- Pelo
acumular de sucessivos jackpots semanais, o prémio começou a aumentar a um
ritmo incalculável. Qual efeito de bola de neve, aumentaram igualmente os
apostadores em número e em apostas. Desde aproximadamente 2006 que o
cofre-estado do Endless Jackpot afirma possuir mais dinheiro que a maioria dos
países de pequena dimensão, havendo uns quantos onde se sente já uma certa
dificuldade de liquidez.
Compreendo
as dificuldades em agir, uma vez tratar-se de uma instituição de jogo privada,
perfeitamente legal, cumprindo com todos os requisitos internacionais.
A
legalidade, porém, também evolui por aprendizagem. Uma vez que nos apercebemos de
que Endless Jackpot não estava a ser uma boa ideia, devíamos ter reagido nas
mais altas instâncias, como na presidência da república. O silêncio, porém, é
tónica dominante no discurso, quer dos meus antecessores, quer dos meus atuais
adversários.
Critico,
portanto, a passividade e a falta de firmeza dos estadistas em pôr cobro a esta
situação e a recente movimentação de países mostra que muito mais cedo se
poderia ter começado.
- Num
enunciar de efeitos negativos e absurdos do Endless Jackpot, não poderia deixar
de me referir ao oportunismo ideológico gerado à sua volta. Como sabemos, desde
cedo, logo em 2002, surgiram os primeiros movimentos Netoils (movimentos,
partidos, associações ou afins com motivações associadas ao Endless Jackpot.).
Dos mais
emblemáticos, alguns já extintos, lembro:
- Os Split,
grupo de política radical, violento, autores de alguns atentados nalgumas
agências da Fame8Game, felizmente sem vítimas mortais.
Pretendiam
tomar o prémio ou forçar a que fosse distribuído pelo mundo todo, numa
proporcionalidade de apostadores.
Tinham um
discurso new age e com grande capacidade de recrutar todo o tipo de pessoas.
Palavras como solidariedade, respeito e igualdade apareciam frequentemente nos
seus discursos apaixonados.
O nome Split
começou então a aparecer grafitado nas mais importantes cidades do mundo e toda
uma parafernália com o nome Split, em t-shirts, em bonés, em autocolantes de
carros, inundou de repente as nossas ruas.
No vai-vem
de causas com que nos vamos entretendo, o combate ao Endless Jackpot tomou o
calor do momento.
Surgiram
inúmeras células Split, umas mais coordenadas com o grupo original, outras
aproveitando a boleia algo freak do discurso para reivindicar o prémio para as
suas próprias causas de afirmação. Como, em muitas situações, a falta de verba
é o obstáculo recorrente, com este pote de ouro acumulado disponível, muitas
tendências poderiam, finalmente, ter a expressão que desejavam.
- Uma das
primeiras células que os Split inspiraram, foram os Splash, com ligações ao grupo
paramilitar NDS. São autores de atentados patrimoniais: afundaram 3 navios
vazios da frota americana e destruíram 2 plataformas, também vazias, no
pacífico. Grupo hidrossapien, com membros dissidentes da comunidade subaquática
Abyss Independent Family.
Terão,
consta, sido dos primeiros grupos hidronómadas e as suas intenções, no acesso
ao prémio, estavam bem definidas: um terço para eles, por serem uma comunidade
única e necessitarem de apoio, um terço para as comunidades terrestres mais
necessitadas e o último terço para as comunidades aquáticas mais necessitadas.
Enfim, não
lhes faltava logística, desapareceram rapidamente, como surgiram. Não deixaram
bem vista a nova possibilidade existencial, o hidronomadismo.
- A célula
mais extravagante que se autonomizou, mas apenas no nome, dos Split e da qual
há pouco a dizer, são as Tri-risas.
Boicotaram
sistematicamente e durante uns dois anos, o fornecimento energético às
dependências da Fame8Game na Europa, causando prejuízos significativos no
funcionamento global da empresa.
Nunca se
soube de nenhuma sua reivindicação particular, pelo que sempre foram
consideradas apenas um grupo de apoio aos Split. Uma célula peculiar.
As Tri-risas
anunciavam-se sempre e só em cartazes afixados perto dos locais alvos e a
imagem que divulgavam era a de 3 mulheres vestidas de negro e com chapéus de
bruxa. Um tridente na mão de cada uma e por baixo a frase: A verdade afasta os
fracos! Rondava sobre elas um mistério algo ocultista.
Numa das
sabotagens, um funcionário da empresa que tentava repor a energia morreu
eletrocutado. O grupo nunca mais se manifestou e desapareceu sem deixar rasto.
- Na onda
nasceriam bastantes outros grupos reivindicadores da melhor gestão do prémio,
como os Grohn, as Saltar, a 67ª, os Hiin-Jhanii, os Soltier, etc. Destes,
apesar de uma pegada traduzida em danos materiais e logísticos, pouca ideologia
se lhes conhece, apenas as variadas pretensões sobre a distribuição do jackpot,
tal como ser entregue à igreja tal que o distribuirá, ser prioritariamente
entregue a países mais prejudicados por catástrofes naturais, encerrar a
empresa e devolver todo o dinheiro aos próprios apostadores, etc. Cada um quer
distribuir o montante à sua maneira.
Impossível,
nesta listagem de impensáveis, não nos referirmos ao aproveitamento
sobrenaturalista, protagonizado pelas AFés (Associações de Fé).
- Os Sinal,
a interpretação dos sinais. Tendo sido a primeira, mantém-se ainda bastante
ativa um pouco por todo o mundo. Para esta AFé há intervenção divina no Endless
Jackpot, no sentido de moralizar. Os Sinal deram origem a outros, como
- Os Oklo,
já extintos, que defendiam que era vontade divina o fim do dinheiro e o
regresso à romântica idade dos géneros.
(Todas as
AFés acreditam que o jackpot nunca vai sair.)
- Mais
focalizado no perfil d’O Ganhador, os latinos MuS (Movimento Suspense)
acreditam que está para muito breve o fim do Endless Jackpot. Interessa-lhes,
portanto, saber quem vai ser essa pessoa que vai ter mais poder que muitos
países juntos.
-
Recentemente, no polémico blog “Eu também sei”, têm surgido algumas teorias da
conspiração, em forma de debates online, sobre a veracidade das verificações
técnicas feitas ao equipamento do sorteio. Levantou suspeitas uma possível
ligação de um dos técnicos-fiscais à família WordsKroz (família ancestral
associada a atividades ilícitas de controle de divisas internacionais).
Em toda a
rede ruidosa de afirmações proferidas no decurso desta suspeita, conseguimos já
confirmar que o coordenador da primeira equipa de verificadores independentes
do equipamento do sorteio viu a universidade da sua filha ser inteiramente
financiada por uma empresa associada diretamente a um dos herdeiros da família
WordKroz.
Acontece que
essa mesma empresa detém uma percentagem de ações, pequena, discreta, para não
dar muito nas vistas, justamente da Fame8Game, criando aqui um conflito de
interesses.
Terminadas
as alíneas, parece-me ter-vos resumido aquilo que todos temos presenciado.
É certo que
nós não fomos significativamente atingidos neste flagelo de alguns países, mas
a solidariedade é e sempre será um dos nossos valores.
Não vejo
nenhum benefício em inventar problemas da treta, desculpem-me a expressão,
quando outros imperam em urgência e real significado, como a fome e a
intolerância.
Se isto se
pode converter e impedir, temos aqui, no caso de uma rápida resolução desta
possível solução, um não assunto.
Posto isto,
se for eleito, para uma resolução definitiva do caso, comprometo-me a:
1.3 Proposta
Aderir ao
movimento Peace Game, ao qual já 57 países aderiram, que pretende:
- boicotar
qualquer tipo de comunicação com a Fame8Game, até esta voltar à regra antiga
das três semanas do jogo Netoil ou apresentar outra proposta a discutir;
- apresentar
no Tribunal Internacional uma providência cautelar para suspender o jogo e
impedir que alguém, a esta altura, possa ganhar o jackpot;
- que seja o
Tribunal Internacional a apresentar a primeira proposta de distribuição do
montante;
- legislar
no sentido de impedir que outras situações do género se verifiquem.
Daniel F
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